A presidenta Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira (16) que recebeu as manifestações deste domingo contra seu governo com humildade, mas firmeza. Segundo ela, as manifestações mostram que o “governo tem que dialogar, escutar, saber do que se tratam” os protestos. ”Ouvir é a palavra, e dialogar é a ação”, avaliou.
“Estamos numa fase de buscar o consenso mínimo. É da democracia não haver concordância e unanimidade. Só num regime [ditatorial], alguns pensam que falam e os outros que calem a boca. Não quero consenso. Você tem que aceitar que vozes são diferentes num país complexo como esse, mas tem de haver responsabilidade com as instituições”, disse, citanto o Congresso, o Executivo e o Judiciário
Ao discursar durante cerimônia de sanção do novo Código de Processo Civil, Dilma comentou os protestos em todas as regiões do país. “Ontem, quando eu vi centenas e milhares de cidadãos se manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade e pela democracia. Esse país está mais forte do que nunca”.
Em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, a presidenta voltou a comentar as manifestações, que considerou pacíficas e sem violência. “Em uma postura de um lado humilde, você tem de aceitar o diálogo, então nós temos de ser humildes. Estou aberta ao diálogo. Ao mesmo tempo, o governo tem que ter uma postura firme naquilo que ele acha que é importante”.
Segundo Dilma, o governo federal tem dado respostas coerentes aos pedidos que vêm das, como o pacote de medidas de combate à corrupção, que, prometeu, será anunciado nos próximos dias.
No entanto, há algumas divergências em outras demandas das manifestações, como no caso do ajuste econômico. “Nós achamos que o ajuste é essencial”, defendeu. “Não vou deixar de dizer para todo mundo que queremos fazer o ajuste”, disse, ao reconhecer que as armas de combate à crise se esgotaram e que agora o governo precisa “iniciar outro caminho”.
Depois de enumerar as medidas que tomou na área econômica em seu primeiro mandato para amortecer os efeitos da crise internacional e de garantir que, apesar dos ajustes, o governo não vai acabar com o crédito nem com a desoneração da folha de pagamento, Dilma reconheceu que as medidas podem ter falhado, mas que não acredita que tenham piorado a situação do país.
“É possível que a gente possa ter até cometido algum erro de dosagem na reação à crise”, admitiu. “[Mas] Ninguém pode negar que não fizemos de tudo para a economia reagir. Em qualquer atividade humana se comete erros, longe de mim achar que não cometi erro nenhum. O que não posso é ser responsabilizada por algo que seria pior se não tivéssemos feito, adotado”, justificou.
Dilma disse que, apesar da postura de humildade em reconhecer erros, só se pode dialogar com quem está disposto, e que não fará nenhuma “confissão” de erros. “Se alguém achar que eu não fui humilde em algum diálogo, me diz em qual, que aí tomo providências. Me diz onde e aí vou avaliar. Estamos dispostos a dialogar com quem quer que seja, com atitude de humildade, querendo escutar”, reafirmou.
Perguntada se cometeu um erro político e isolou o PMDB, principal partido de sua coalizão, Dilma negou o afastamento. “Longe de nós querer isolar PMDB. Nós temos uma parceria com o PMDB. Agora, nós temos no Brasil, uma situação que temos de construir também. Ninguém aqui pode achar que as instituições políticas do país estão à altura das necessidades do país. E aí vale para todos os partidos, sem exceção”. (AB)
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